segunda-feira, 21 de julho de 2008

David Allen, eu e as vacas leiteiras


Estou lendo o livro do David Allen "Gerencie sua mente, não seu tempo", do original "Ready for anything". O que procuro é aumentar a minha produtividade? Realmente não sei. A princípio achei que fosse, mas escrevendo aqui, acho que não seja. Talvez o que eu procure seja reduzir a minha sensação de angústia que julgo que venha da produtividade aquém de minhas expectativas. Comecei a pensar se o autor de fato conseguiu uma forma de aumentar a produtividade ou de reduzir as angústias relacionadas a produtividade. Aliás, produtividade = me sinto uma vaca produtora de leite, seres humanos e produtividade...parece não ser um atributo adequado a nós, e muito menos às vacas leiteiras. Talvez, à exemplo das vacas leiteiras, a produtividade não seja algo natural, normal ou bom. A produtividade de leite não é bom para a vaca, o leite que a vaca produz para seu filhote é utilizado por nós como mais um dos alimentos à nossa disposição, e o que a vaca tem a ver com a nossa descoberta a respeito do leite, as múltiplas utilidades que demos a ele, à importância que passou a ter em nossa dieta. Nada, coitada. Mas a vemos hoje como uma fabriquinha de leite, bom para a nossa saúde, necessário, indispensável. E a vaca? Essa não pode opinar. Este talvez seja um exercício importante. Eu posso opinar a respeito da minha produtividade? Posso optar em ser menos produtivo? Posso querer parar de produzir? Qual a minha produção? Se não é leite, o que será? Portanto o que posso esperar de mim mesmo como produção? O que observar como produtividade? Qual a escala de tempo a adotar? Qual a importância dessa discussão para a minha existência? E se eu abandonasse a idéia de produtividade em algum canto para nunca mais me preocupar com?
SH.

4 comentários:

  1. Então... Se a vaca não produz leite, vira churrasco... Se a vaca não dá bons filhotes, vira churrasco... Pois vaca consome pasto e pasto custa caro, conseme ração, vacinas, água e tudo isso custa dunheiro... Algo ela tem que oferer, ou o leite, ou bezerros, ou sua própria carne... Se ela fosse um animal selvagem, seria essa vaca mais feliz? Talvez, mas certamente viveria menos, sujeita a doeças, predadores naturais e acidentes (atoleiros), sujeita também as secas, etc... Se a vaca pensasse certamente se questionaria... "Posso viver mais, sendo um animal doméstico, posso ter comida farta, a garantia que doenças não me atingirão e um dia cumprirei meu ciclo... Ou posso viver livre, mas com a incerteza de viver o dia seguinte..."

    Pra vaca, não existe a possibilidade de viver durante o dia curtindo a liberdade e durante a noite a segurança da fazenda, ou é um, ou outro...

    Felizmente não somos vacas, embora sejamos tratados como tais... Cabe a nós, abrir a porta do rural, eu mantê-la bem fechada (isso a vaca não pode fazer, ela não tem essa opção)...

    Posso viver o resto de minha vida ganhando 400 reais por mês, mas certamente não mais poderei escolher mulheres bonitas e inteligentes pra ficarem ao meu lado, nem tentar comprar uma moto nova, nem continuar produzindo arte (pois as materiais custam dinheiro), nem tomar café com meus amigos e bater longos papos... Preciso de uma moto nova? Preciso produzir arte? Preciso bater papo com os amigos em cafeterias? Preciso viajar o mundo? Preciso de mulheres bonitas e inteligentes do meu lado?... Para sobreviver não, sobrevivo sem tudo isso... e o que me restará será a vida usufruindo 400 reais por mês aceitando suas limitações...

    O que posso eu fazer então? Descobrir qual é o ponto de conforto... Quanto eu tenho que produzir para ter as coisas que quero e o quanto produzo para chegar nesse ponto de conforto... Alguns meses trabalho um pouco mais e ganho um pouco mais, noutros, um pouco menos e ganho um pouco menos... mas sempre respeitanto o ponto de conforto... Pra não ser vaca em nehuma instância... Coisa boba...

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  2. Mas essa é justamente a crítica, talvez envelhecida. A produtividade anti-natural normal e diária. Contrariando a natureza, traz desgastes, consome o ser -humano. As idéias de produtividade devem anteceder os ganhos de capital, mas foram muito bem aproveitadas pelo mesmo e hoje, para mim, são intrinsecamente conectados.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Removi o comentário anterior, pois não mais se vinculava ao tema do post...

    Esquecendo um pouco as vacas...

    Somos todos compelidos a produzir mais e mais, na verdade, nos sentimos angústiados quando não fazemos parte do sistema que tem como regra a maior produção possível por parte do indivíduo...

    Produzindo muito, consumimos, e consumindo nos sentimos parte da máquina (além de ficarmos bem contentes quando adquirimos coisas novas), então produzimos, para consumirmos (ficamos contentes novamente, consumir é uma delícia, poder consumir é melhor ainda!!) e nos sertirmos parte da máquina... Esse ciclo não termina, e se temos contato com metrópoles, isso fica ainda mais evidente...

    Quem não produz não consome, quem não consome não faz parte da sociedade, quem não faz parte da sociedade é looser, quem é looser (rs)... é looser... (não é novidade)

    Crescemos tendo isso como certo, imposto pelos comerciais de TV, pela escola, pelo o que a sociedade esperava da gente, consumir muito é igual a vencer na vida...

    Talvez a angústia exista (seguindo tais dogmas) por que do fundo, o consumo em si não seja o que podemos fazer, ou viver, de mais bacana... Mas como sair disso?

    Gerencie sua mente, não seu tempo... Título bacana... Não conheço David Allen, apenas espero que ele não seja admirador de Victor Leboux (rs).

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