quarta-feira, 10 de outubro de 2007


Antidepressivos funcionam?




Depende. Muito mais do paciente que qualquer outra coisa. Explico. Estudos recentes publicados a partir de um projeto alcunhado STAR-D, desenvolvido pelos psiquiatras de Harvard nos Estado Unidos, têm mostrado que os medicamentos antidepressivos, testados isoladamente e até combinados a outros, não ultrapassam a mísera marca de 30% de eficácia. É muito pouco pelo que custam. Inclua aí todos os antidepressivos mais populares nos Estado Unidos e no Brasil. E os psiquiatras então se indagaram: Se os antidepressivos respondem por apenas 30%, quem faz o resto do trabalho? A resposta é óbvia, os próprios. Quem é responsável pela maior parcela de melhora é o médico, através de algo muito importante e útil que é a relação médico-paciente, o estabelecimento de vínculos de confiança, o raport. A medicina tem progredido por um caminho frio, onde o distanciamento entre profissionais e pacientes se acentua, onde toda a equipe hospitalar protege e acoberta a desatenção de um médico muito ocupado e pouco disponível, que por isso mesmo acaba tão valorizado e procurado, por ser raro, nada mais. A sua visita ao leito parece uma dádiva divina, o paciente se sente tocado pelo Espírito Santo com o dom da cura ou por um semi-deus. Essa postura médica, quase de um cientista de laboratório altamente remunerado, tem sido o modelo para tantos estudantes e candidatos a vestibular. O que essa pesquisa nos ensinou após ter consumido 35 milhões de dólares é que o contato entre paciente e médico, através de um bom suporte, de esclarecimentos e informações tranqüilizadoras, a partir do natural interesse pelo caso, etc. funciona muito mais que uma pílulas. Por isso acredito no amor. Realmente querer ajudar o próximo, cura.

Um comentário:

  1. No Estadão do dia 2 de dezembro no caderno "Alias" tem um artigo do New York Times interessante sobre antidepressivos. Vale a pena ler. Abraços

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